sexta-feira, 12 de outubro de 2012


Introdução

Este blog vai mostrar sobre o tema da Segunda Geração Modernista do Brasil na Prosa e Poesia, sobre esse tema vamos falar de como surgiu e o que aconteceu na aquela época junto com as características que se formaram na Segunda Geração Modernista e citando alguns autores e obras que marcaram essa Geração fazendo entender e compreender mais sobre o Modernismo. 
Contexto Histórico
    
A historiografia literária convencionou como marco inicial da segunda fase do Modernismo o ano de 1930, quando Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987) publicou Alguma Poesia, e como marco final a data de 1945, quando foi lançado O Engenheiro, de Haroldo de Campos (1929 - 2003). O contexto político, econômico e social desse período é conturbado. O mundo ainda sofria a depressão econômica causada pela quebra da bolsa de Nova York, em 1929, que agravou os problemas sociais de inúmeros países e intensificou o crescimento e a organização de forças de esquerda. Os partidos socialistas e comunistas entravam em choque com Estados cada vez mais autoritários e nacionalistas, como a Alemanha, a Itália, a Espanha e Portugal. O nazi fascismo avançou, expandindo-se pela Europa até a deflagração da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a mais violenta e tecnológica das guerras até então, que terminou com as explosões atômicas em Hiroshima e Nagasáqui.


    No Brasil, em 1930, Getúlio Vargas subiu ao poder, iniciando um período que ficaria conhecido como a "era Vargas" e que compreende a ditadura do Estado Novo, de 1937 a 1945. Em seu governo, houve uma série de medidas que centralizaram o poder, entre elas a dissolvição do Congresso Nacional e dos legislativos estaduais e municipais. Assim como ocorreu em grande parte dos países do Ocidente, no Brasil também a esquerda cresceu e se organizou. Em 1935, eclodiu uma tentativa de revolução articulada pela ANL - Aliança Nacional Libertadora, formada pelos grupos de esquerda, que foi reprimida pelo governo. Houve crescimento também de organizações afinadas com a ideologia fascista, principalmente a Ação Integralista Brasileira, fundada por Plínio Salgado - que também era líder do grupo modernista Verde-Amarelo. Em 1937, com o apoio dos grupos integralistas, Vargas iniciou a ditadura do Estado Novo, que se caracterizou pelo espírito antidemocrático, a repressão ao comunismo, o nacionalismo conservador e o populismo.


      Durante a era Vargas, a burguesia industrial se fortaleceu e passou a ocupar posições de mando, enquanto o poder das oligarquias agrárias declinava. A classe média e o operariado cresceram e tornaram-se cada vez mais participantes da vida política; são dessa fase conquistas como o salário mínimo, os sindicatos, a legislação trabalhista. O fluxo de imigrantes diminuiu e as migrações internas aumentaram, principalmente a partir de 1933, com a expansão da industrialização no Centro-Sul. A população brasileira chegou a 41,1 milhões de habitantes em 1940, dos quais 56,2% eram analfabetos. O governo procurou combater o analfabetismo, através do Ministério da Educação e Saúde, e uma série de reformas modificou a estrutura do ensino primário e implantou o ensino secundário. Em 1934 foi inaugurada a Universidade de São Paulo (USP), a primeira do Brasil, e em 1935, a Universidade do Distrito Federal. Os estudos universitários passariam a influenciar e redefinir a pesquisa e a crítica literária.


     O sistema literário foi afetado pela instabilidade política, pelas medidas antidemocráticas e repressoras da era Vargas, mas também se beneficiou da atmosfera de intenso debate sobre a realidade brasileira. Para Antônio Candido, o período foi de "acentuada politização dos intelectuais, devido à presença das ideologias que atuavam na Europa e influíam em todo o mundo, sobretudo o comunismo e o fascismo. A isso se liga a intensificação e a renovação dos estudos sobre o Brasil, cujo passado foi revisto à luz de novas posições técnicas, com desenvolvimento de investigações sobre o negro, as populações rurais, a imigração e o contato de culturas, - graças à aplicação das modernas correntes de sociologia e antropologia, graças também ao marxismo e à filosofia da cultura (...)".


     Na década de 1930 houve uma significativa irrupção de novos e brilhantes romancistas, com destaque para a ficção regionalista nordestina de autores como Graciliano Ramos (1892 - 1953), Jorge Amado, José Lins do Rego (1901 - 1957) e Rachel de Queiroz (1910 - 2003). Foi também uma época de desenvolvimento da indústria do livro, principalmente com o advento da Segunda Guerra e a consequente dificuldade de importações. Surgiram importantes editoras, como a de José Olympio (1902 - 1990), que publicou os romancistas inovadores do Nordeste. Entre 1936 e 1944, o número de editoras brasileiras cresceu 50% e, por volta de 1950, o Brasil chegou a produzir 4 mil títulos e cerca de 20 milhões de exemplares por ano. Mas a censura e a propaganda do governo estavam sempre presentes na indústria editorial, na imprensa, no rádio e mesmo no material didático, principalmente com a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP, criado com o Estado Novo. Apesar do autoritarismo e da repressão, porém, foram tempos de consagração da cultura popular, com a popularização do samba e do carnaval, a difusão do rádio e o sucesso de suas  estrelas.


  A crônica, revitalizada por escritores de grande expressividade, também viveu período de grande consagração junto ao público. Modernistas da primeira fase, como Mário de Andrade (1893 - 1945) e Oswald de Andrade (1890 - 1954), continuavam ativos e conviviam na imprensa com os autores da nova geração, como Rachel de Queiroz e Oswald. Nas páginas do jornal carioca Diário da Tarde surgiu aquele que é considerado o maior cronista brasileiro, Rubem Braga (1913 - 1990), prosador que atravessou as próximas cinco décadas retratando o Brasil com sensibilidade aguçadíssima.



Prosa
Segunda geração modernista 
Características 
(segunda geração modernista- Poesia)

Ø A prosa de 1930 é chamada de Neorrealismo pela retomada de alguns aspectos do Realismo-Naturalismo, contudo, com características particulares preservadas.

Ø A literatura estava voltada para a realidade brasileira como forma de manifestar as então recentes crises sociais e inquietações da implantação do Estado Novo do governo Vargas e da Primeira Guerra Mundial.

Ø Os romancistas observavam com olhos críticos a realidade brasileira, as relações entre o homem e a sociedade. Pelo fato de os romancistas deste período adotarem como componente o lado emocional das personagens, esta fase se diferenciou do Naturalismo, onde este item foi descartado.

Ø A produção literária dessa fase pode ser dividida em três tipos de prosa:

        Regionalista: tendência originada no Romantismo e adotada pelos naturalistas e pré-modernistas, na qual o tema é o regionalismo do nordeste, a miséria, a seca e o descaso dos políticos com esse estado. Essa propensão tem início com o romance A bagaceira, de José Américo de Almeida, em 1928. Os principais autores regionalistas são: José Lins do Rego, Jorge Amado, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos.

        Urbana: tendência na qual a temática é a vida das grandes cidades, o homem da cidade e os problemas sociais, o homem e a sociedade, o homem e o meio em que vive. O principal autor é Érico Veríssimo, no início de sua carreira.

        Intimista: tendência influenciada pela teoria psicanalítica de Freud e de outras correntes da psicologia. Tem como tema o mundo interior. É também chamada de prosa “de sondagem psicológica”. Os principais autores são: Lúcio Cardoso, Clarice Lispector, Cornélio Pena, Otávio de Faria e Dionélio Machado.
A  produção literária  desta  fase pode ser dividida em três tipos de prosa:

• Regionalista: tendência originada no Romantismo e adotada pelos naturalistas e pré-modernistas, na qual o tema é o regionalismo do nordeste, a miséria, a seca, o descaso dos políticos com esse estado. Esta propensão tem início com o romance A bagaceira, de José Américo de Almeida, em 192·.
Os principais autores regionalistas são: José Lins do Rego, Jorge Amado, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos.

• Urbana: tendência na qual a temática é a vida das grandes cidades, o homem da cidade e os problemas sociais, o homem e a sociedade, o homem e o meio em que vive. O principal autor é Érico Veríssimo no início de sua carreira.

• Intimista: tendência influenciada pela teoria psicanalítica de Freud e de outras correntes da psicologia e tem como tema o mundo interior. É também chamada de prosa “de sondagem psicológica”. Os principais autores são: Lúcio Cardoso, Clarice Lispector, Cornélio Pena, Otávio de Faria e Dionélio Machado.

Graciliano Ramos

Considerado o maior representante da geração neorrealista nordestina, sua obra é considerada como "clássica" pela qualidade literária. Seus romances tratam tanto do social (miséria, fome, seca, latifúndio), como do psicológico (opressão, medo, angústia etc.).
Linguagem condensada, sem retórica, obra neorrealista: romance crítico, de tensão entre a personagem e o meio (natureza e sociedade), romance de esquerda. Em março de 1936, sob suspeita de ter participado da ANL (Aliança Nacional Libertadora), Graciliano foi preso pela polícia de Getúlio Vargas. Levado para a prisão de Ilha Grande (RJ) ficou lá um ano sem acusação formal. A experiência na prisão foi relatada em "Memórias do Cárcere".

Obras:



José Lins do Rego

 As obras de José Lins do Rego compõem os chamados romances do ciclo da cana-de-açúcar. Neles o autor recompõe sua infância, tendo sido descendente de grandes proprietários canavieiros do nordeste. Escritos em primeira pessoa, estes romances retratam literalmente a crise de tradição e a necessidade de modernização, a transformação do Engenho em usina.

Esse tema é especialmente abordado em Fogo Morto (não faz parte do ciclo), que é escrito em terceira pessoa. Nele, o autor mostra as relações psicológicas dos vários tipos sociais (o velho Senhor, a Sinhá, o trabalhador jagunço etc.) perante uma usina de "Fogo Morto", isto é, parada, morta, decadente.

Obras:


Érico Veríssimo

Érico Veríssimo nasceu no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre entrou em contato com a vida literária e iniciou-se no jornalismo, começou a publicar romances. Fantoche foi o primeiro (Contos que exibem estrutura de peças de teatro).

 Os críticos literários classificaram suas obras em três fases:

 
1º fase: Romance urbano - Visão otimista, linguagem simples, cotidiano da vida urbana de Porto Alegre, apresentação de problemas sociais, morais e humanos. Iniciou-se com a publicação de Clarissa, depois vieram: Caminhos Cruzados, Música ao longe, Um lugar ao sol, Olhai os lírios do campo, Saga, E o resto é silêncio.

2° fase: Romance histórico - Inicia-se com a obra O Tempo e o Vento, aborda a formação do Rio Grande do Sul desde as sua origens.·.

 3° fase: Romance político - Temas políticos e engajamento social. Na obra "O Tempo e o Vento", Érico Veríssimo deu sua opinião sobre Getúlio Vargas pela boca de um personagem: "Tudo nele é mediano e medíocre. Jamais teve um pitoresco dumas flores da Cunha, o brilho dum Osvaldo Aranha, a eloquência de um João Neves (...). É um homem frio, reservado, cauteloso, impessoal (...) calmo numa terra de esquentados. Disciplinado numa terra de indisciplinados. Prudente numa terra de imprudentes. Sóbrio numa terra de esbanjadores. Um silencioso numa terra de papagaios".

Obras:



Rachel de Queiroz

                Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, Ceará, ainda não tinha completado vinte anos quando publicou seu primeiro romance, O Quinze. Rachel foi a primeira mulher a ser eleita para a academia brasileira de letras.
Obras:

Jorge Amado

Jorge Amado nasceu na Bahia, é o autor mais adaptado da televisão brasileira, quase sempre interessado em abordar problemas sociais e políticos, sua extensa obra trata tanto da região cacaueira da Bahia como da zona urbana de Salvador, era um hábil fixador de tipos humanos, costumes e festas populares.
 Principais obras: Jubiabá, Mar Morto, Capitães de areia, Terras do sem-fim, Gabriela, cravo e canela, Os velhos marinheiros, Dona flor e seus dois maridos, Tenda dos milagres, Tieta do Agreste.

Obras:


Poesia
Segunda geração modernista
Segunda geração modernista- Poesia

A poesia da Geração de 30 demonstra tanto uma liberdade formal que cultivava tanto os versos brancos e livres quanto as formas tradicionais
Surgem novos poetas e os autores da primeira fase literária apresentam uma obra mais madura. 
Podemos destacar como características das poesias desta segunda fase literária: a ironia, a reflexão sobre o destino do ser humano, a poesia lírica, o regionalismo, verso livre em paralelo a formas fixas, como o soneto. 
        Os temas das poesias são universais, pois os olhares estavam voltados às vivências da sociedade a respeito das crises sociais que aconteciam no mundo, das guerras, da luta pela supremacia econômica.
Características
(segunda geração modernista- Poesia)

-Poesia apresenta um amadurecimento e aprofundamento da geração de 1922.

-A radicalização ideológica

-Predomínio da narrativa regional

-Denuncia social

-Romance psicológico

-Neorrealismo

a) Amadurecimento e solidificação da poesia modernista.
b) Mistura do verso livre com formas tradicionais de compor poemas.
c) Mistura da temática cotidiana com temática histórico-social.
d) Revalorização da poesia simbolista.

Autores
(segunda geração modernista- Poesia)

Os poetas mais significativos da segunda fase do Modernismo foram Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Cecília Meireles, Jorge de Lima (1893 - 1953) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980).

Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade é considerado o maior poeta brasileiro do século XX. Foi também admirável cronista; sua prosa é distinta pela força da linguagem poética, que dá forma aos registros do cotidiano e da memória. Poeta "nascido intelectualmente dentro do Modernismo, sem laivo de passado e nem perigo de volta a ele", como observou Antônio Candido, Drummond produziu extensa obra, em que a poesia de enfoque social e a poesia relativa ao indivíduo se mesclaram e se fundiram. Para José Guilherme Merquior (1941 - 1991), Drummond é uma das grandes "fundações" do Modernismo; segundo o crítico, “este poeta renovou a linguagem e o endereço de nossa lírica”.

Depois dele, uma e outra se abriram a modos mais objetivos de direção social, que já não cabem no subjetivismo anterior. O humanista dos primeiros livros deu ao lirismo uma agudeza reflexiva e irônica que o virou pelo avesso; o autor de A Rosa do Povo passou a emocionar-se com os sentimentos coletivos, e finalmente o terceiro Drummond, de Claro Enigma considerado, fundou entre nós a grande meditação poética sobre as razões da existência, a pensativa poesia sobre a ? condition humaine? e as recentes significações do Neo-Humanismo contemporâneo."

Obras:



Murilo Mendes

Murilo Mendes também estreou como autor modernista, mas sua trajetória poética foi bastante diferente da de Drummond. "Poeta dos contrários", segundo Antonio Candido, Mendes "começou pela poesia humorística e, depois de sofrer a impregnação surrealista, voltou à fé católica, passando a uma expressão cheia de sentimento do mistério e transcendência, com o mais completo senso do insólito da nossa poesia contemporânea. Afinal, tendeu para o verso breve e descarnado, guardando o toque de fantasmagoria que é um de seus encantos."

Obras:

Cecília Meireles

Cecília Meireles foi bastante influenciada pela "corrente espiritualista" da qual participou Murilo Mendes, corrente divulgada pelos intelectuais cariocas que se agruparam em torno da revista Festa, de tendência neo-simbolista. É a principal voz feminina da poesia brasileira e, de acordo com Luciana Ategagno Picchio, "uma das vozes femininas mais puras de expressão portuguesa de todos os tempos". Sua obra poética é caracterizada pela reflexão filosófica, a musicalidade dos versos, a atmosfera fluida e etérea; entre seus temas mais caros estão a transitoriedade das coisas, a efemeridade da vida, a fugacidade do tempo.

Obras:

Jorge de Lima

Jorge de Lima iniciou como poeta neo parnasiano, e depois de tornar-se adepto da estética Modernista produziu, em um primeiro momento, poesia social, e em uma segunda fase, poesia de expressão religiosa. Para José Aderaldo Castello, a fase da poesia social, composta dos "poemas negros" e "telúricos", reflete "o Nordeste açucareiro dos engenhos tradicionais, com os quais se relacionam aquelas ? realidades de nossa alma imensa?" e envolve "a presença africana". Já a segunda fase, caracterizada pela religiosidade, "é a temporalizada e distanciada da objetividade da primeira fase".
Obras:

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Vinicius de Moraes

 Vinicius de Moraes, um dos mais populares poetas brasileiros, também foi influenciado pela "corrente espiritualista" e pelo Neo-Simbolismo no início de sua produção poética, mas com o passar do tempo sua obra passou a tematizar o amor sensual e os problemas sociais. Antônio Candido elencou, entre as principais características do autor, "a peculiaríssima ligação que estabeleceu entre o mar, a praia e a vida amorosa; a mistura do vocabulário familiar com uma espécie de casto impudor; a invenção de um léxico do amor físico que abole qualquer diferença entre ele e o que é considerado não físico. E mais um uso próprio do ritmo de romance popular, quem sabe inspirado inicialmente em García Lorca. E uma reconstrução do soneto(...)”.

Obras:

Conclusão

A Segunda Geração Modernista aconteceu em um momento muito difícil e perturbado no inicio da década de 1930 ocorrendo à segunda guerra mundial, a crise da Bolsa de Nova Iorque, a crise cafeeira e o combate ao socialismo.
Na prosa o que mais se destacou foi a característica do Regionalismo principalmente na parte do Nordeste, onde problemas como secas, problemas do trabalhador rural, a miséria e a ignorância foram ressaltados que era uma das outras características da prosa que era retratar a realidade brasileira.
Na Poesia apresenta um amadurecimento com os autores da primeira fase apresentando uma obra mais madura, outra coisa que ocorreu que foi muito importante foi à convivência harmoniosa entre o poema de forma livre e de forma fixa sem chocar o publico tradicionalista e poesias de questionamentos: da existência humana, inquietação social, religiosa, filosófica e amorosa.